Grandes Escritores Brasileiros - Henriqueta Lisboa

 

Henriqueta Lisboa

Henriqueta Lisboa nasceu em 15 de julho de 1901 na cidade de Lambari, sul de Minas Gerais.

Fez o curso primário no Grupo Escolar Dr. João Bráulio Júnior, em Lambari, e o curso normal no Colégio Sion de Campanha, onde estudou os clássicos de língua portuguesa e francesa, em 1924 seu pai é eleito deputado federal e a família muda-se para o Rio de Janeiro.Em 1925 publica Fogo fátuo, poemas, em 1929, Enternecimento, poemas.Em 1931 recebe o prêmio de Poesia Olavo Bilac da Academia Brasileira de Letras pelo livro Enternecimento.

Henriqueta muda-se com a família para Belo Horizonte em 1935, sendo o pai, João Lisboa, membro da Constituinte Mineira. É nomeada inspetora federal de ensino secundário, em 1936 publicou Velário, poemas. No mesmo ano representou a mulher mineira no III Congresso Feminino Nacional, realizado no Rio de Janeiro.

Em 1937 recebeu medalha e diploma de O Malho como uma das cinco intelectuais brasileiras laureadas no plebiscito "Levemos a mulher à Academia de Letras"

Em 1940 inicia correspondência com Mário de Andrade, de quem recebeu 42 cartas no período de 24 de fevereiro de 1940 a 20 de janeiro de 1945. Publicou em 1941 Prisioneira da noite poemas, em 1943 publicou O menino poeta, poemas em 1945 A Face lívida, poemas, e o ensaio Alphonsus de Guimaraens. Ingressa no ensino superior lecionando Literatura Hispano-americana e Literatura Brasileira na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras Santa Maria da Universidade Católica de Minas Gerais. Em 1949 publicou Flor da morte, poemas. Recebeu, em 1950, o prêmio Othon Bezerra de Mello da Academia Mineira de Letras, pela obra Flor da morte.

Começou a lecionar História da Literatura na Escola de Biblioteconomia de Minas Gerais em 1951. Em 1958 publicou Lírica, que reúne sua obra poética. Ingressa no Instituto Histórico e Geográfico de Minas Gerais. Publicou em 1959 Montanha viva: Caraça, poemas. Recebeu, no mesmo ano, medalha da Academia Mineira de Letras. Em 1961 publicou Antologia poética para a infância e a juventude (edição do Instituto Nacional do Livro / Ministério da Educação e Cultura).Publicou em 1963 Além da imagem, poemas. É eleita a primeira mulher para a Academia Mineira de Letras. Em 1968 Henriqueta aposentou-se como técnica de ensino, pelo MEC, e passou a dedicar-se exclusivamente a seus livros. Publicou Vigília poética, ensaios. Em 1969 publicou Literatura oral para a infância e a juventude.

Recebeu, em 1970, o prêmio Presença d'Itália in Brazile. Realizou uma viagem à Europa a convite do governo italiano e foi recebida oficialmente em Portugal. Em 1971 publicou Nova lírica; poemas selecionados. Recebe o prêmio Brasília de Literatura pelo conjunto da obra, conferido pela Fundação Cultural do Distrito Federal. Publicou, em 1972, 'Belo Horizonte' bem querer, poemas.

Em 1973 publicou O alvo humano, poemas. Publicou, em 1976, Reverberações, poemas, e Miradouro e outros poemas. Recebe o prêmio Poesia 76, conferido pela Associação Paulista de Críticos de Arte. Publicou, em 1977, Celebração dos elementos: água, ar, fogo, terra, poemas. Em 1979 publicou Vivência poética, livro de ensaios. Recebeu o diploma de membro fundador da Academia Brasileira de Literatura Infantil e Juvenil e o título de personalidade do Ano Internacional da Criança, conferido pela União Brasileira de Escritores. Recebeu também o diploma de mérito poético por decreto do Governador do Estado de Minas Gerais, comemorativo dos cinquenta anos de poesia. Publicou, em 1980, Casa de pedra; poemas escolhidos. Recebeu a Grande Medalha da Inconfidência. Em 1982 publicou Pousada do ser, sua última coletânea de poemas.

Henriqueta recebeu, em 1983, o prêmio Pen Club do Brasil, pela obra Pousada do ser. Em 1984 recebeu o prêmio Machado de Assis da Academia Brasileira de Letras, pelo conjunto da obra.

Faleceu no dia 9 de outubro de 1985, em sua residência de Belo Horizonte. Nesse mesmo ano é lançado o primeiro volume das obras completas com o título Obras completas: I - poesia geral 1929 - 1983.

A Ovelha

Encontrastes acaso
A ovelha desgarrada?
A mais tenra
Do meu rebanho?
A que despertava ao primeiro
Contato do sol?
A que buscava a água sem nuvens
Para banhar-se?
A que andava solitária entre as flores
E delas retinha a fragrância
Na lã doce e fina?
A que temerosa de espinhos
Aos bosques silvestres
Preferia o prado liso, a relva?
A que nos olhos trazia
Uma luz diferente
Quando à tarde voltávamos
Ao aprisco?
A que nos meus joelhos brincava
Tomada às vezes de alegria louca?
A que se dava em silêncio
Ao refrigério da lua
Após o longo dia estival?
 
A que dormindo estremecia
Ao menor sussurro de aragem?
Encontrastes acaso
A mais estranha e dócil
Das ovelhas?
Aquela a que no coração eu chamava
–  a minha ovelha?

Fontes: UFMG


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